Quando se fecha uma porta se abre uma janela e o que resta é olhar por ela
Por Ana Caroline
São Paulo, 27 de setembro - Um cenário que não muda ou que muda tão pouco, que os detalhes se apresentam quase imperceptíveis em rotinas repetidas e cheias de pressa.
Eu passei a ver
o exterior através da minha janela e a paisagem era sempre a mesma, mas, com
cada marca no calendário, eu olhava e via algo a mais. Seria um novo tom de
azul no céu? Com uma casa que mudou de cor, a roupa no varal, uma planta sem
água na varanda alheia, os carros indo e vindo e as pessoas com cara fechada
como se fossem suas máscaras? As pessoas sempre usaram máscaras, mas essa era a
primeira vez que elas cobriam de fato o rosto. E os olhos se tornaram mais do
que nunca as janelas da alma, mais uma janela aberta, porém, várias portas
fechadas. Quantas portas se fecharam para que as pessoas tenham tanto medo de
se mostrarem frágeis em parar, pedir trégua e descansar?
O teto, os
livros, a ordem dos objetos, tudo quase decorado, um tiquetaque incessante em
tantos relógios ao mesmo tempo, e alguns relógios pararam de contar as horas,
mas as janelas permaneceram abertas e o que restava era olhar por elas,
tentando enxergar algo novo, nos detalhes esquecidos, nos sonhos planejados,
nas despedidas inesperadas, nas cores desbotadas, nos medos além da janela, que
se apresentavam como uma ameaça cheia de incertezas para o amanhã que fazem a
gente viver em alerta e se autocobrando?
Quando não olho
a janela, a rotina se repente em café, tela, café, tela, café, tela. Sempre com
um misto de ansiedade e medo.
Como será a
paisagem quando eu abrir a janela amanhã?
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